Mulheres que conseguem virar a chave e abrir a porta de possibilidades
Através dos esportes e das artes marciais
Ultimamente o termo “virar a chave” está em alta, isso condiz em mudar a postura, mudar o comportamento, mudar as atitudes, mudar o tempo de agir e interagir, além de se colocar de forma contundente na sociedade. Também poderia ser, virar a chave e abrir a porta e se mostrar ao mundo de forma construtiva, produtiva e participativa, no lugar em que desejar estar, lutando da forma que mais lhe agrada e arrebentando barreiras e paradigmas estabelecidos pela sociedade.
Quais as mudanças, conquistas e limitações? As mulheres seguem em
constante evolução….
Segundo dados do IBGE, 70% do público que pratica lutas e artes marciais é masculino. O que ainda nos tempos de hoje nos faz presenciarmos atos preconceituosos com relação a atuação da mulher como líder no universo das artes márcias. Muitos já viram um homem usando um uniforme de luta e com uma faixa preta na cintura, e na hora vem um pensamento: nossa ele deve ser muito forte, ele é fera e devo temê-lo. Mas, se ver a mesma cena num corpo que represente a figura da mulher, talvez passe um
pensamento do tipo: nossa, ela é faixa preta, que legal, será que ela sabe mesmo? Quem será o professor dela? A participação das mulheres no cenário das artes marciais tem aumentado, mas a
mulher necessita pesquisar, estudar, treinar, se capacitar e provar que é tão digna quanto um homem para conquistar a faixa preta e o seu respeito.
Porém, percebemos que ao longo da história a prática esportiva sempre foi realizada e incentivada para os homens desde os Jogos Olímpicos da era clássica, já para as mulheres era proibida ou bem limitada, pois acreditava que elas não suportariam os esforços, e com a prática contínua, poderiam modificar
seus corpos tornando-as masculinizadas, perdendo a delicadeza e as curvas do corpo feminino. As mulheres conseguiram participar de forma extraoficial em alguns esportes competitivos, o golfe e o tênis, por não possuir contato físico e isso nos Jogos Olímpicos de 1900. Foi em Berlim, no ano de 1936 que as mulheres foram incluídas oficialmente como atletas olímpicas.
E no Brasil, só na década de 30 que aconteceu o primeiro campeonato feminino de bola ao cesto em São Paulo, com as mesmas regras dos homens e duração de quatro períodos de dez minutos.
Em 1932, mesmo ano em que o voto feminino foi aprovado no Brasil, Maria Lenk foi a primeira mulher sul-americana a participar das olimpíadas. Não bastasse todas as dificuldades, o regime político também colaborou, pois em plena ditadura do Estado Novo, o artigo 54 do Decreto-Lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, que vigorou até a década de 1970, limitava as modalidades liberadas para as mulheres. Devido as limitações impostas na ditadura militar, o CND (Conselho Nacional de Desporto) delimitou a linha que segregava o esporte feminino
brasileiro: “não era permitido que mulheres fizessem a prática de lutas de qualquer natureza, do futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e
baseball”, dizia a deliberação nº 7 do conselho, e isso veio a ser suspenso só em 1979. Em 1970 a arte marcial Taekwondo chegou ao Brasil, no bairro da Liberdade, trazida pelo Mestre San Mi Cho e era comum só homens praticarem. Porém nos anos 80 algumas mulheres começaram a praticar essa arte marcial, algumas porque eram casadas com mestres e professores e assim foram abrindo espaços para outras a começarem. E nos anos 90, as mulheres começam a marcar presença em competições e a se tornarem faixas pretas. Ao perceber os benefícios que esta arte marcial proporciona, seja na melhora da coordenação motora, no afetivo social e no psicológico, além de proporcionar a capacitação em defesa pessoal, as mulheres começaram a crescer nesse ambiente. Ainda dominados por homens, mas com muita persistência a figura feminina vem conquistando seu espaço, se tornando professora, técnica, mestres e gestoras.
A conquista do direito das mulheres nas Olimpíadas
Da para acreditar? Somente em 2012 as mulheres conquistaram o direito de participar de todas as modalidades olímpicas. Já nas olimpíadas do Rio de Janeiro aconteceu o feito: elas
conseguiram efetivamente participar em todas as modalidades olímpicas. Percebemos que, essa narrativa toda serve para demonstrar que a peregrinação da Mulher no
Esporte como espectadora, praticante ou gestora é reflexo de uma construção histórica de exclusão, dificuldades e limitações, mas que vem se modificando lentamente com a capacidade de persistência e resiliência da mulher no âmbito esportivo.
Vire a chave e permita se recompor através da perseverança
Que todas as mulheres possam experimentar algo novo dentro do esporte e das artes marciais, saindo da zona de conforto e jamais se colocando como “coitadinhas”. Seja e esteja
onde seu coração desejar. E pratique esportes e desfrute dos benefícios que eles podem proporcionar a sua mente e corpo. “Fracassar é parte crucial do sucesso. Toda vez que você fracassa e se recupera, exercita perseverança que é a chave da vida. Sua força está na habilidade de se recompor” (Michelle Obama).
Joyce Vieira Martins dos Santos
Mestre em Engenharia Biomédica
Mestre Taekwondo
Mestre em desenvolvimento Humano
Pós Graduação em Gestão Esportiva
Formada em Educação Fisica licenciatura e Bacharelado
Formada em Pedagogia